Ela não sente a sua falta. Na verdade, de vez em quando, ela se lembra dos momentos felizes que vocês viveram juntos.
Ela se lembra daquela festa em que vocês se conheceram e de não saber quem você era enquanto você já sabia o nome dela e com quem ela andava. Ela se lembra do primeiro sorriso que vocês trocaram e das borboletas que ela sentiu no estômago. Ela se lembra de conversar despretensiosamente com você, enquanto tomava o seu frapuccino de doce de leite, como se a vida fosse simples e convenhamos, era. Ela se lembra de quando todos perguntavam se vocês eram namorados e se lembra de responder que não querendo poder dizer que sim. Ela se lembra de tentar esconder os seus sentimentos e de fingir não enxergar os seus por ela. Ela se lembra de ter medo de se entregar e de, ao mesmo tempo, querer ser toda sua.
Ela se lembra da primavera e daquele pedido de namoro discreto feito no parque. Ela se lembra de tentar manter a relação em segredo e de não conseguir evitar segurar a sua mão por ai. Ela se lembra dos seus abraços quentes e beijos demorados. Ela se lembra da sua risada, do seu cheiro e das suas manias. Ela se lembra de não querer ir embora ou te deixar ir. Ela se lembra de querer te perdoar todas as vezes - e foram muitas - em que você foi incompreensivo ou irracional.
Ela se lembra de quando você a deixou. Ela se lembra de fingir indiferença enquanto tudo o que ela tinha no coração era amor. Amor por você, idiota. Ela se lembra da noites mal-dormidas e das lágrimas desperdiçadas.
Ela se lembra de estar quase bem quando você pediu pra voltar. Ela se lembra de escolher te dar uma segunda chance. Ela se lembra de acreditar em você e na sua mudança de atitude. Ela se lembra de saber que estava sendo tola e de se esquecer disso sempre que você se aproximava. Ela se lembra das coisas perdendo o brilho que há tempos já não era mais o mesmo.
Ela se lembra da dor que foi descobrir que não te amava mais, ou que, talvez, nunca tenha amado. "Talvez" porque ela não sabe. Não sabe, ao certo, o que é amor. Tudo o que ela sabe ou, ao menos, pensa que sabe, é que o amor é algo bom. É algo que nós faz um bem danado. Algo que não machuca como tentam nos fazer acreditar. Algo que não resulta em textos como esse. Algo que você nunca sentiu por ela.
O que você sentiu por ela foi paixão. A mesma paixão que você sente por tantas outras. Mas, ela, boba, não vê a vida assim. Ela se entrega, se entrega de corpo e alma. Se entrega por um amor. Que, no final, não passava de uma paixão. Outra paixão para sua coleção.
Quem sabe, um dia, ela encontre um amor. Daqueles que acalmam o coração. Daqueles que duram. Daqueles que não são o seu.
No fim, ela se lembra de tudo. De tudo o que você não fez pra transformar essa paixão em amor.