quarta-feira, 5 de março de 2014

Minha favorita


- Mas, eu te amo. Sempre vou amar. – você falou com a expressão séria.

Aquela conversa já estava me deixando aflita. Faziam alguns minutos que você tentava demonstrar seu arrependimento e eu só conseguia dizer que as coisas entre nós nunca iriam voltar a serem o que eram antes. Antes de alguns beijos. Antes das três palavras. Antes das idas e vindas constantes. Antes de você decidir ficar sozinho. Antes de você me tirar completamente da sua vida sem motivo aparente. Antes de você me esquecer.

Eu decidi não responder. Depois de algum tempo, soltei um risinho tímido e murmurei baixinho:

- Essa era a minha favorita.

Você me encarou, parecendo incomodado:

- Eu não acredito que você consegue rir em uma situação como essa. Eu acabou de me declarar e... Sua favorita?

Não é como se eu não sentisse a sua falta. Eu sentia. É como se eu achasse graça de não conseguir mais te levar a sério.

- De todas as suas mentiras “eu te amo” era a minha favorita. E se você parar pra pensar a nossa situação atual é bastante engraçada. Daria até uma comédia romântica. Talvez um tanto dramática, mas romântica. A diferença é que se estivéssemos num filme eu, de fato, acreditaria em cada palavra sua. E mesmo querendo, eu não acredito em sequer uma frase que você já me disse.

Você me olhou incrédulo. E agora, que eu já havia começado, eu iria terminar de dizer tudo aquilo que eu nunca te disse.

- Não me olhe como se nada disso fizesse sentido. Quantas vezes você fez com que eu me sentisse péssima e depois veio com esse sorriso me dizer que precisava que eu estivesse na sua vida de novo? Quantas vezes eu apaguei da minha mente todas as suas falhas e te acolhi como se você nunca tivesse me feito chorar? – Você permaneceu quieto – Eu sei, são tantas que você não consegue se lembrar de todas. Mas, sabe o que eu realmente acho?

Você inclinou a cabeça como se pedisse uma resposta.

- Que cansei de coisas temporárias, instáveis. Que nós passamos tanto tempo tentando consertar os erros que nem nos lembramos mais de como as coisas eram antes. Que você tem mania de mim e eu de você. E que mania não é o mesmo que amor. 

- Mas, eu voltei. Voltei porque te amo. E dessa vez...

- Nada vai ser diferente. Afinal, nos somos os mesmos. E você, nunca volta. Pelo menos não pra ficar.

- Sei que você está confusa, mas as coisas entre nós nunca foram claras, você só precisa pensar e eu sei que vai entender que nós fomos feitos um pro outro. - Continuou ele me puxando pra perto.

- Eu não estou confusa. A verdade é que só volta pra a gente, aquilo que realmente nunca quis partir. E você sempre quer. 

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